terça-feira, 24 de julho de 2007


"Foi anunciada na manhã desta segunda-feira a morte do Diário da Tarde, que por quase 80 anos esteve no primeiro lugar em vendas avulsas. O resultado foi a demissão de 48 profissionais jornalistas, diagramadores e ilustradores.

O processo de estrangulamento teve início quando a direção dos Diários Associados resolveu fechar o departamento comercial do jornal e uni-lo ao Estado de Minas. Posteriormente a circulação foi reduzida e o jornal deixou de circular no interior, apesar dos constantes apelos de donos de banca. O jornal passou a chegar mais tarde nas bancas da capital e o tiro final mortal foi dado junto com a reforma gráfica e editorial em conjunto com o "Aqui", tablóide de leads e fotografias.

A crueldade como foi conduzido o fim do Diário da Tarde impressionou até mesmo aos mais pessimistas. Um pânico generalizado ocupou o vazio deixado pela falta de informação por parte da empresa, cujos dirigentes, até o momento final negaram o fim da existência do DT..."

Como não registrar o sepultamento de um dos mais antigos e importantes jornais de Minas.
Um silêncio tomou conta e aos poucos, da indignação à dúvida, a gente começa a pensar "e qual será o nosso futuro"?

Das grandes empresas de comunicação, àquelas que dominam o meio e as idéias, a gente não pode esperar muito mais do que o tem sido realizado. Curvadas ao mercado, ao capital, ao lucro, o idealismo foi sendo posto de lado, e restam aos jornalistas que ainda acham que podem emprestar olhos mais críticos ao cidadão comum, a esperança de outras formas de comunicação.

Aqui estou, mais que indignada, preocupada, mais que inerte, procurando soluções, e encontrando neste meio um novo caminho para a livre expressão de idéias.


segunda-feira, 23 de julho de 2007

Sob o olhar de um Jornalista

Jornalista tem o olhar desconcertante, de quem procura sempre além! Encontra nas entrelhinhas mais palavras do que é capaz de dizer a imagem, a fala ou o texto.

Inauguro o blog, deixando um trecho para reflexão, que define de maneira bem objetiva e ao mesmo tempo poética como é a rotina de uma profissão que diariamente expõe suas contradições, simplicidades e fraquezas.

"A crônica é a expressão das contradições da vida da pessoa do escritor ou jornalista, exposto que fica com suas vísceras existenciais à mostra no açougue da vida, penduradas à espera do consumo de outros, como ele, enrustidos talvez, na manifestação dos sentimentos, idéias, verdades e pensamentos. Já escrevi umas cinco mil crônicas, e à alguns estudantes que me pediram uma síntese do gênero, respondi o seguinte: É o samba da literatura. É ao mesmo tempo a poesia, o ensaio, a crítica, o registro histórico, o factual, o apontamento, a filosofia, o flagrante, o mini conto, o retrato, o testemunho, a opinião, o depoimento, a análise, a interpretação, o humor. Tudo isso ela tem, a polivalente. Direta e simples como um samba. Profunda como a sinfonia..."
Arthur da Távola